O
amor tem dimensões ilimitadas. Tudo pode. Tudo realiza. Tudo empreende.
O
verdadeiro amor é capaz dos maiores sacrifícios, para o bem-estar do ser amado.
Num
mundo em que se ouve falar muito em buscar a própria felicidade, em alcançar
sonhos pessoais, sem pensar em mais ninguém, a história daquele casal idoso é
exemplar.
Eles
viviam felizes, há muito tempo. Não tinham filhos.
Certo
dia, quando a senhora estava na cozinha, um acidente aconteceu e ela se viu
envolta em chamas.
O
marido atendeu aos seus gritos e, no intuito de salvá-la, acabou por ser também
atingido pelo fogo.
As
chamas o envolveram, queimando-lhe os braços, mas permitindo-lhe libertá-la do
fogo.
Quando
os bombeiros chegaram, pouco restava da casa. A ambulância levou o casal ao
hospital.
Ambos,
por seu estado grave, foram internados no Centro de Terapia Intensiva.
Quando
o marido foi liberado, buscou o quarto da sua esposa. Ela estava deitada e logo
que o viu, manifestou o seu desespero.
Não desejava mais viver, dizia. O fogo atingira todo o seu rosto e ela estava deformada.
Sou um monstro! Disse ao
marido.
Ele
se aproximou do leito e falou:
Minha amada, na tragédia que sofremos, meus olhos
foram atingidos. Estou cego. Por isso, não se preocupe. Para mim, você
continuará linda, como sempre foi. A imagem que tenho guardada em minha mente é
a que terei na memória, para o resto dos meus dias.
Deus é muito bom. – Completou ela. – Você não precisará contemplar a minha deformidade.
Abraçaram-se.
Choraram.
Mais
algum tempo e ei-los de retorno ao novo lar. Uma pequena e acolhedora casa.
Ela
passou a ter para com o marido cuidados especiais, considerando a sua
deficiência visual.
Era
toda atenção, delicadeza. Uma nova seiva de vida parecia circular em suas
veias. E, todo dia, recebendo aquelas manifestações de amor, ele dizia:
Como eu te amo!
Ela
reencontrara razão para continuar a viver e se sentir feliz.
Vinte
anos depois, em uma madrugada, ela abandonou o corpo, rumo à Espiritualidade.
Amigos
solícitos auxiliaram nas tratativas para o sepultamento.
O
marido compareceu sem os óculos escuros e sem sua bengala, andando firme.
Debruçou-se
sobre o corpo da amada, com quem compartilhara os dias por tantos anos,
beijou-a inda uma vez e tornou a expressar:
Como és linda. Como eu te amo!
Um
amigo mais próximo manifestou a sua surpresa. O que acontecera: Algum milagre lhe devolvera a visão, naquele momento de dor?
Não, respondeu o homem. Nunca tive problema visual. Assim disse, para que pudéssemos
continuar a viver, sem traumas para ela.
Acreditando que eu não podia enxergar as sequelas
do fogo em seu rosto, pudemos viver felizes por mais vinte anos. Felizes e
apaixonados, um ao outro servindo em significativos gestos de amor.
* * *
O
amor é a mais poderosa expressão do sentimento. É de essência divina, por facultar a sublimação dos sentimentos.
Quando
esplende no coração, se faz dínamo gerador de energias propiciadoras de vida,
fertilizando os seres.
Não foi por outra razão que Jesus o transformou no
mandamento maior, aquele de mais alto significado, que abrange todas as
aspirações e ideais da criatura humana.
Redação do Momento Espírita, com base
em história de
autoria ignorada e no cap. 3 do livro Garimpo de amor, pelo
Espírito Joanna de Ângelis, psicografia
de Divaldo Pereira
Franco, ed. LEAL.
Em 26.5.2014