Uma sala de cinema, depois de cada filme, pode nos trazer reflexões
interessantes.
O comportamento das pessoas apresenta algo de curioso.
Os créditos começam a surgir na tela e as luzes voltam a acender
lentamente, avisando a todos que aquele sonho projetado no grande painel branco
terminou.
Cada um que está ali, então, volta ao seu mundo, à sua dita realidade.
Saem apressados, atrasados, levados pela correnteza humana, quase que na
velocidade da luz – da luz que volta a clarear a sala de projeção.
Porém existem alguns, apenas alguns, que permanecem um pouco mais.
Sentados, imóveis, de olhar distante, parecem ainda respirar naquele
mundo criado à sua frente há poucos minutos.
Como se quisessem suavizar a transição entre uma realidade e outra.
Ficam ali, como se desejassem reter tudo aquilo um pouco mais... apenas
um pouco mais.
Não querem permitir que a vida lá fora perca a lembrança do que acabaram
de ver.
Esses podem ter suas vidas modificadas... com um simples filme.
O que esta história diz à minha vida?
Que características neste ou naquele personagem,
tem a ver comigo, com meus sonhos, com minhas dificuldades?
O que posso aprender com estas vidas, com este
mundo, por vezes tão diferente do meu?
São tantos os questionamentos que eles podem estar fazendo naquele
momento...
Indagações que aqueles que saíram desassossegados em disparada,
possivelmente não terão.
Para esses foi apenas entretenimento. Não conseguiram penetrar na esfera
da arte, da beleza.
Sábios. Esses que permanecem agem com sabedoria. Buscam aprender tudo
que a vida tem a lhes oferecer, e ela, por ser tão maravilhosa e perfeita,
oferece lições a todo instante.
Mas que diferença pode fazer, ficar ali um pouco
mais, pensando? – Alguém poderia questionar.
A diferença está na importância de parar para analisar todos os eventos
de nossos dias.
No hábito da reflexão, extraindo dos acontecimentos sempre um saber a
mais.
Será que estamos sabendo parar um pouco para pensar em cada evento de
nosso viver?
Será que na maioria das vezes não agimos como os espectadores
apressados, que não têm tempo para refletir?
Será que não estamos saindo muito cedo de nossas salas de
projeçãodiárias?
Imagine ficar um pouco mais na cadeira, pensando naquele entardecer
passado ao lado de alguém que você ama...
Imagine ficar um pouco mais na cadeira, curtindo aquele nascer de sol
especial de uma manhã de trabalho...
Imagine ficar um pouco mais, acompanhando as peripécias de seu filho,
aprendendo a andar, a falar, a abraçar...
Imagine permanecer, por alguns segundos que seja, lembrando das palavras
de afeto, das risadas, trocadas com algum amigo numa noite qualquer...
Imagine a vida sem a pressa que lhe atribuímos, e com a qual acabamos
por nos acostumar...
Experimente lembrar disso tudo na próxima vez que você estiver numa sala
de cinema.
Procure as pessoas que ficam um pouco mais, e quem sabe, com alegria
verá que você é uma delas.
Bem, na verdade você poderá começar a pensar sobre isso agora mesmo,
depois que estas palavras chegarem ao fim, e escolher o tipo de pessoa que
é:aquela que sairá apressada, mudará de estação, esquecerá de tudo; ou aquela
que irá ficar com estes dizeres um pouco mais, pensando, refletindo.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita com base no capítulo Depois
de cada filme, do livro O
que as águas não refletem, de Andrey Cechelero.
Em 2.8.2013.
Em 2.8.2013.
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